
A Basílica Menor e Convento Máximo de Nossa Senhora do Rosário, popularmente conhecida como Igreja de Santo Domingo, localiza-se na cidade de Lima, capital do Peru, é um dos marcos mais importantes da cidade, tanto por seu valor arquitetônico quanto por seu significado religioso e cultural. Este artigo vai explorar em profundidade as várias facetas que tornam essa igreja uma peça central do legado colonial peruano.
História e Fundadores da Iglesia de Santo Domingo
Antes da chegada dos colonizadores espanhóis, o território onde hoje está localizada Lima era habitado por povos indígenas que tinham suas próprias práticas religiosas e culturais. Com a conquista do Império Inca, a introdução do cristianismo como religião dominante trouxe uma nova era de transformação espiritual, social e política. A construção de igrejas como a Iglesia de Santo Domingo foi um passo essencial na consolidação do poder colonial e na conversão dos povos nativos ao catolicismo.

A Iglesia de Santo Domingo foi uma das primeiras igrejas construídas em Lima após a fundação da cidade pelos colonizadores espanhóis em 1535. Sua construção foi iniciada em 1540, e sua conclusão se deu em várias fases, estendendo-se por décadas devido à complexidade da obra e às mudanças arquitetônicas implementadas ao longo do tempo. O convento e a igreja foram fundados por Vicente Valverde, que foi o primeiro bispo do Peru, e, assim, a construção carrega uma grande importância histórica para a cidade e para o país.

A construção da igreja e do convento também serviu como uma demonstração visível do poder espanhol. Os grandes edifícios coloniais, como a Iglesia de Santo Domingo, representavam a grandiosidade e a influência da fé católica, que desempenhou um papel vital na estruturação da sociedade colonial peruana.

O convento foi também a casa de figuras religiosas importantes, como São Martinho de Porres e Santa Rosa de Lima, que contribuíram para a forte tradição religiosa de Lima e do Peru. A presença dessas figuras canonizadas confere um caráter sagrado ao local, atraindo peregrinos de todo o mundo.
Arquitetura da Iglesia de Santo Domingo
A arquitetura da Iglesia de Santo Domingo é uma mistura de estilos que reflete as mudanças e influências ao longo dos séculos. A fachada da igreja, composta por uma mistura de estilos barroco e neoclássico, é imponente e apresenta detalhes intricados em pedra. No interior, os visitantes encontram uma riqueza de altares dourados, esculturas religiosas e obras de arte que datam dos séculos XVII e XVIII.

O campanário da igreja, uma das estruturas mais icônicas de Lima, foi concluído em 1766 e é uma das torres mais altas do centro histórico da cidade. Sua presença majestosa faz com que a igreja seja visível de vários pontos de Lima, servindo como um símbolo da era colonial.

A igreja também possui um impressionante claustro, decorado com azulejos espanhóis que ilustram passagens bíblicas e religiosas. Este é um exemplo claro de como as influências espanholas e locais foram combinadas para criar um espaço que exala a espiritualidade do lugar.

O Convento de Santo Domingo e Seus Tesouros
O Convento de Santo Domingo é uma das principais atrações do complexo e guarda muitos tesouros religiosos e históricos. O convento, que está conectado à igreja, abriga uma vasta coleção de livros antigos, manuscritos e artefatos religiosos, muitos deles datados da era colonial. A Biblioteca do Convento de Santo Domingo é uma das mais importantes do país, contendo mais de 25.000 volumes, muitos deles raridades e obras únicas.

O claustro principal do convento, com suas colunas simétricas e pátios tranquilos, é um testemunho da vida monástica que ali floresceu. O espaço oferece um oásis de paz em meio ao movimentado centro de Lima e é um reflexo do papel que o convento desempenhou na formação espiritual e cultural da cidade.

As Misteriosas Catacumbas do Convento de San Francisco
Tesouro Barroco e Mistérios do Passado
Até 1807 não existiam cemitérios, as pessoas eram enterradas nos porões das igrejas. As taxas de enterro eram mais baratas na Igreja de São Francisco. Acredita-se que estas catacumbas comunicam através de túneis secretos com a Catedral e o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição.

O nome Catacumbas deve-se em alusão às catacumbas romanas. Na verdade, são criptas, onde, como costume da época colonial, eram sepultados inicialmente benfeitores e membros do clero, e depois pessoas de classes privilegiadas e populares, costume que perdurou por mais de 300 anos.

O sistema de túneis e galerias subterrâneas, projetado para otimizar o espaço, organiza os ossos dos falecidos em padrões geométricos, refletindo não apenas as práticas funerárias da época, mas também a visão cristã sobre a vida após a morte. Durante o período colonial, era comum que pessoas fossem enterradas em igrejas, e as catacumbas serviram essa função por séculos.
Os mais abundantes são os crânios e os fêmures porque são os ossos que ficam mais preservados, mas também encontramos esternos, fragmentos de cóccix e outros restos ósseos. Ninguém sabe exatamente quantas pessoas foram enterradas aqui. As estimativas variam, mas alguns acreditam que foram pelo menos 25 mil, enquanto outros sugerem que poderiam ter sido mais de 100 mil. Ainda existem passagens e galerias não escavadas, acrescentando um toque de mistério a este lugar sagrado.
O Ressurgimento das Catacumbas
Durante décadas, as catacumbas permaneceram fechadas com tábuas e esquecidas. Porém, na década de 1940, foi conseguido o acesso a passagens e galerias bloqueadas e, em 1950, foram finalmente abertas ao público. Hoje, os turistas podem explorar este mundo subterrâneo e conectar-se com a história de Lima de uma forma única.
As catacumbas do Convento de São Francisco são mais que um sítio arqueológico, são um lembrete da fragilidade da vida, da riqueza da história e da importância de preservar o património cultural. Ao visitar este local, mergulhamos nas profundezas de Lima e enfrentamos os mistérios que ainda esperam para serem revelados.
A Iglesia de Santo Domingo é, sem dúvida, um dos tesouros mais importantes de Lima, tanto por seu valor espiritual quanto por sua riqueza histórica e cultural. Como testemunha do passado colonial do Peru e centro da vida religiosa ao longo dos séculos, continua a ser um símbolo de devoção, fé e resiliência. A preservação de sua arquitetura e seus tesouros artísticos, bem como o legado dos santos que ali viveram, garante que as futuras gerações possam continuar a se inspirar nesse monumento extraordinário.



